quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Confissão nº 28

O que dói mais
Não é o que corta
Não é o que sangra
O dói mais é a ausência
É o não sentir
É se tornar apático
Invisível nos momentos mais visíveis
O que dói mais
É procurar uma palavra
Para explicar o que se sente
E perceber que não existe nenhuma
Para explicar quando simplesmente
Não se sente
O que dói mais não é sangrar
O que dói mais é chorar
É sentir tudo ao mesmo tempo
Sem sentir nada
O que dóis mais
Não é o que se diz
É o que não pode ser dito
É o que fica preso na garganta
E angustia o coração.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Confissão nº 27

Veja o que eu fiz
Afastei quem eu queria perto
Me tranquei sozinha
Dentro de mim mesma
E joguei a chave fora
Admito que tive medo
De deixar alguém entrar
Medo de alguém me machucar
Tive medo de errar
E me envergonhar
Agora estou presa em mim
Não sei mais como me abrir
A chave, nem sei mais onde está
E nem sei onde procurar
E o medo?
Continua aqui
Agora trancado,
Junto de mim.


domingo, 25 de novembro de 2012

Confissão nº 26

O tempo vai passando e as coisas vão se tornando cada vez mais complicadas, eu nem achava que isso fosse possível.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Confissão nº 25

I am inhabited by a cry.
Nightly it flaps out
Looking, with its hooks, for something to love.

I am terrified by this dark thing
That sleeps in me;
All day I feel its soft, feathery turnings, its malignity.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Confissão nº 24


Me sinto dormente, não sei se são os remédios, ou se é a minha vida, que se tornou assim, tão sem graça, mas ao mesmo tempo tão irreal.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Confissão nº 23

Me sinto tão sozinha agora. Procuro alguém pra conversar, alguém que vá entender, e percebo que não tem ninguém. Aí eu acabo guardando as coisas só para mim mesma, e isso machuca. E muito. Queria poder dividir tudo que passa pela minha cabeça com alguém, e queria que esse alguém não achasse que eu sou maluca, como a maioria das pessoas já pensam.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Confissão nº 22

"Não podíamos imaginar o vazio de uma criatura que encosta uma navalha nos pulsos e abre as veias, o vazio e a calma."

As Virgens Suicidas.


Confissão nº 21

O problema não é a morte, mas todas as fases que você tem que passar até chegar a ela.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Confissão nº 20


Eu sei que eu vou ser sempre assim, que eu nunca vou superar totalmente os problemas que eu tenho. Isso já faz parte de mim. Mas não quer dizer que machuque menos, ainda machuca muito. E machuca também as pessoas perto de mim, e é isso que me preocupa, eu não quero magoar ninguém. É mais fácil ver a minha dor do que a dor das pessoas que eu amo.


Confissão nº 19





sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Confissão nº 18







"That's when the pain comes in like a second skeleton, trying to fit beneath the skin, I can't fit the feelins in."


Confissão nº 17

” Não, agora nunca mais diria, de ninguém neste mundo, que eram isto ou aquilo. Sentia-se muito jovem; e, ao mesmo tempo, indizivelmente velha. Passava como uma navalha através de tudo, e ao mesmo tempo ficava de fora, olhando. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora, longe e sozinha no meio do mar: sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse. “
Mrs. Dalloway – Virginia Woolf



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Confissão nº 16

Juntando todas as minhas forças para superar todos os meus problemas. Meus medos, minhas angústias... Minha tristeza.
Espero conseguir.

domingo, 30 de setembro de 2012

Confissão nº 15



Não sei como isso começou, mas sinto que essa sensação, tão ruim, tão incomoda, já faz parte de mim. Acho que sem ela eu nem me reconheceria. Eu não conheço outra eu que não a deprimida.


Confissão nº 14

Eu não sei de onde tirar forças pra lutar contra isso, não sei como parar, porque em alguns momentos parece mais forte do que eu.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Confissão nº 13

Seu cérebro apagando-se para o resto, mas chamejante em exatos pontos de dor, feridas pessoais, sonhos perdidos. Todas as pessoas amadas retrocedem como se afastadas sobre uma grande superfície de gelo, reduzidas a pontos pretos que agitam os braços e já não se ouvem. E então a corda lançada por cima da viga, os soníferos despejados na palma da mão onde a linha da vida é longa e mentirosa, a janela aberta, o forno ligado, qualquer coisa.

"As Virgens Suicidas"








sábado, 22 de setembro de 2012

Confissão nº 12


"Era só fome o que eu sentia, fome. Uma fome horrível, que poderia chamar de carência, necessidade, impotência, frustração, vazio, a qual me obcecava, roendo-me, e que logo iria me engolir.
Era ela que arruinava meus dias, que corrompia minhas noites, mantendo-me acordada por longas e malditas horas, longas horas de tortura, nas quais eu poderia encontrar algum alento, mas que descoloriam o amanhecer e o céu, que contaminavam as músicas mais alegres, transformando as melodias para dançar em marchas fúnebres, filmes cômicos em tragédias gregas, natureza em deserto e meus sonhos em pó."

Bubble Gum- Lolita Pille

Confissão nº 11

Eu não sei exatamente o que escrever, porque eu não sei exatamente como eu estou me sentindo. As coisas estão difíceis... e eu nem sei o porquê. Eu só queria me sentir bem, me sentir feliz pelo menos uma vez depois de tanto tempo de tristeza. Mês que vem faz um ano desde a tentativa de suicídio e eu agora eu estou me sentindo quase da mesma forma que me sentia naquela época. Só que mais madura, a ponto de perceber que eu não posso simplesmente desistir e ir embora, isso traria muito sofrimento para as pessoas que eu amo. Mas seria mentira dizer que as vezes não dá vontade de simplesmente ir embora, morrer. Eu estou tão cansada.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Confissão nº 10

Não gosto dos pontos
Tenho horror ao completo
Tenho medo dos felizes
Pavor do infinito
Terror ao agora
Exaspero o amanhã

Eu gosto da bagunça
Dos desajustados
Dos isolados
Dos traumatizados
Dos problemáticos
Gosto dos que se tornam verde
Dos que se tornam amarelo
Gosto dos doentes

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Confissão nº 9

Banheiro
Cacos
Cortes
Cortes
Cortes
Sangue
Alívio
Camisa rasgada
Roupas furadas
Um copo vazio
Pílulas
Frio
Vazio

terça-feira, 31 de julho de 2012

Confissão nº 8

Tenho muitos amigos a minha volta, muitos com quem rir, conversar, me divertir, isso é até fácil. Já na hora de chorar, na hora de mostrar esse ser triste que mora dentro de mim, estou sozinha. Sozinha na hora em que preciso que alguém me proteja do meu maior inimigo: eu mesma.

Confissão nº 7

Não entendo a vida
A conheço, mas não a compreendo
Um dia conhecerei a morte
Não sei que gosto tem
Se é doce, se é amargo
Sei que é, ou melhor, será


Confissão nº 6

Ás vezes eu só queria que fosse fácil explicar como eu me sinto, mas eu não sei que palavras usar, de que modo falar, então eu só continuo calada.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Confissão nº 5


-A maioria das pessoas, se cortam, colocam um band-aid e continuam a vida.
-E o que voce faz?
-Eu continuo sangrando.


Confissão nº 4

Ás vezes eu me assusto comigo mesma, com o que sou capaz de fazer e com o que tenho vontade de fazer. Vontade que as vezes toma conta de mim de uma forma que não me sinto capaz de dizer não. Uma decisão pode mudar muita coisa, e isso me deixa com medo. Com medo do que posso fazer os outros sentirem, ainda mais com medo do que sinto. Queria conseguir parar essa maluquice a minha volta. Eu só consigo me sentir enjoada.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Confissão nº 3



Odeio a forma como as pessoas me tratam agora. Todas as pessoas que souberam do que aconteceu me tratam como se eu fosse de vidro, como se eu fosse quebrar no primeiro deslize. 


Confissão nº 2


Cheguei no hospital com um curativo malfeito no pulso coberto por um casaco cheio de sangue. Naquele momento eu estava longe de ser quem eu sempre queria mostrar que era. Eu estava verdadeiramente vulnerável e envergonhada. 
Sentia que todos me olhavam com um olhar estranho e julgador, como se soubessem exatamente o porquê de eu estar ali. Embora fosse impossível que soubessem.
Uma psicóloga me perguntava o tempo todo o porquê de eu ter feito o que fiz, e me dizia que queria me ajudar. 
Ali, naquele hospital, tudo que eu queria  era fugir, e entendi o porquê de eu querer fugir. A vida me parecia tão inútil, e todo aquele papo dos médicos de "quero te ajudar" só me deixava com raiva. Eu não queria ser ajudada. Só queria fugir dali.



Confissão nº 1

Eu tenho que admitir, por mais doentio que pareça, que eu adorei aquilo. Adorei ver todo aquele sangue na minha mão, e a forma como ele pingava no chão. A sensação era de que eu estava em um sonho, e aquele banheiro, que eu sempre achara nojento e malcheiroso, parecia o melhor lugar do mundo, e tinha o genuíno cheiro da liberdade. A verdadeira liberdade, não aquela que você sente quando seus pais te deixam sair sozinho pela primeira vez, mas aquela que você sente que não vai mais ter fim, e que te deixa tão feliz que você sente que vai explodir. 
Por uns segundos eu me senti a pessoa mais feliz do mundo, enquanto eu sangrava cada vez mais. Por uns segundos eu me senti em paz.

Então vieram os pensamentos. Um milhão de pensamentos e de sentimentos vindos de todas as direções, e eu não pude evitar o pânico, e eu não pude evitar as lágrimas que vieram em seguida. 
Me senti egoísta, me senti a pior pessoa do mundo, por querer ir embora e deixar todo mundo ali. De fazer com eles, o que sem querer, minha mãe tinha feito comigo. Eu sabia o quanto doía. E eu não queria que ninguém no mundo sentisse o mesmo que eu senti, e sentia.

Cada vez eu via mais sangue, e cada vez mais aquilo tudo parecia irreal. Uma parte de mim ainda me dizia que na verdade, eu estava distraída na aula de inglês, e não sangrando no banheiro do colégio.

O meu pânico aumentou, de repente eu não podia mais fazer aquilo.
 Ir embora desse mundo de merda ainda era o que eu mais queria, mais eu vi que não podia fazer aquilo com as pessoas que eu amo. 

Juntei todas as forças que eu tinha e entre lágrimas, peguei o meu celular e liguei para a única pessoa que podia me ajudar no momento. Tudo que eu consegui dizer para ela foi: me encontre no banheiro do térreo. 
Quando ela chegou na porta e perguntou se eu estava lá dentro, eu só disse: por favor, não se assuste. 
Eu sabia que naquele momento, mais do que os outros, aquele banheiro não era uma bonita visão.