Por uns segundos eu me senti a pessoa mais feliz do mundo, enquanto eu sangrava cada vez mais. Por uns segundos eu me senti em paz.
Então vieram os pensamentos. Um milhão de pensamentos e de sentimentos vindos de todas as direções, e eu não pude evitar o pânico, e eu não pude evitar as lágrimas que vieram em seguida.
Me senti egoísta, me senti a pior pessoa do mundo, por querer ir embora e deixar todo mundo ali. De fazer com eles, o que sem querer, minha mãe tinha feito comigo. Eu sabia o quanto doía. E eu não queria que ninguém no mundo sentisse o mesmo que eu senti, e sentia.
Cada vez eu via mais sangue, e cada vez mais aquilo tudo parecia irreal. Uma parte de mim ainda me dizia que na verdade, eu estava distraída na aula de inglês, e não sangrando no banheiro do colégio.
O meu pânico aumentou, de repente eu não podia mais fazer aquilo.
Ir embora desse mundo de merda ainda era o que eu mais queria, mais eu vi que não podia fazer aquilo com as pessoas que eu amo.
Juntei todas as forças que eu tinha e entre lágrimas, peguei o meu celular e liguei para a única pessoa que podia me ajudar no momento. Tudo que eu consegui dizer para ela foi: me encontre no banheiro do térreo.
Quando ela chegou na porta e perguntou se eu estava lá dentro, eu só disse: por favor, não se assuste.
Eu sabia que naquele momento, mais do que os outros, aquele banheiro não era uma bonita visão.
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